O “Saideira” desta sexta-feira (24) é daqueles que valem a pipoca. Nele, Paulo Polzonoff Jr. e Francisco Escorsim recebem Leandro Narloch para falar de meio ambiente sem catecismo. Depois, falam de “Coisa de Rico”, best-seller de Michel Alcoforado que tenta explicar o fascínio (e a inveja) que os brasileiros têm com os ricos. No meio disso tudo, o momento mais aguardado do programa: a análise da briga entre Jeffrey Chiquini e Paulo Figueiredo. Em seguida, eles falam sobre “Vale Tudo” e comentam os comentário.
Logo na abertura, Narloch lança a provocação e explica por que a discussão ambiental é sempre tratada como uma forma de expiar a culpa? O autor do “Guia Politicamente Incorreto do Meio Ambiente” mostra que há vida inteligente fora da bolha verde. Polzonoff e Escorsim aproveitam o embalo para discutir como a esquerda sequestrou uma pauta que é, em essência, conservadora.
Coisa de rico e coisa de moleque
Na sequência, o tema da conversa entre os dois é o livro “Coisa de Rico”, um dos mais vendidos do país. Enquanto Narloch dá sugestões de “literatura sobre os ricos” (que é vasta), Polzonoff e Escorsim discutem a velha mania nacional de transformar a superação da pobreza em troféu moral. “Por que todo rico brasileiro faz questão de dizer que já passou fome?”, provoca o apresentador.
Mas o “Saideira” não seria o “Saideira” se ficasse apenas nisso. Já mais para a metade do programa, o clima esquenta com a repercussão da briga entre o advogado Jeffrey Chiquini e o jornalista Paulo Figueiredo. O episódio, você há de saber, mobilizou a direita nas redes sociais. Os apresentadores tentam entender o que há por trás dessa “desinteligência” pública. “Será que essa turma tem as qualidades que se exige de quem quer o poder?”, pergunta Polzonoff, retomando o tema de sua coluna na Gazeta do Povo.
Conversa de bar
A discussão, sempre afiada e bem-humorada, acaba se tornando uma autocrítica da própria direita brasileira e, por extensão, da sociedade que ela tenta representar. Nesse momento, o “Saideira” vira um espelho incômodo: quem nunca brigou por política com a mesma paixão de uma novela? O tom é de conversa de bar, mas a substância é jornalística. O público é convidado a pensar sem perder o bom humor: marca registrada do programa.
E já que o Brasil vive mesmo entre a política e o melodrama, Polzonoff e Escorsim não poderiam deixar de falar do remake de “Vale Tudo”. A novela, que ressuscitou Odete Roitman, serve de metáfora para o país: ninguém é inocente, todo mundo tem um segredo e, no final, a pergunta continua sendo a mesma: quem matou o bom senso? O diálogo entre cultura e política mostra que, mesmo nos temas leves, há sempre um subtexto sobre o poder e a moral.

