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o Estado que protege os criminosos

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Diante dos episódios recentes envolvendo a segurança pública no Rio de Janeiro, o presidente Lula, feito uma das envergonhadas emas do Palácio da Alvorada, fez o que sempre faz: elaborou uma cortina de fumaça para esconder sua flagrante ausência de capacidade executiva.

Decorrida mais de uma semana, Lula ainda não ofereceu ao país uma explicação – nem mesmo uma de suas tentativas canhestras, como costuma acontecer – sobre como organizações terroristas tomaram de assalto o território nacional e passaram a distribuir armamento pesado e drogas como quem vende sacolé na praia.

A competência sobre o combate imediato a esses ilícitos nas fronteiras, assim como a fiscalização e combate à produção de armamentos ilegais, é exclusiva do governo federal e está sob responsabilidade direta do ministro Ricardo Lewandowski, que parece tolerar o diálogo somente com o mais alto escalão dos governos, numa clara demonstração do ressentimento das tardes de bajulação vividas em uma das cortes judiciais mais cara do mundo.

Mas, Lula nem explicou sua inércia e nem vai explicar, por duas razões bem simples: não sabe o que dizer, talvez por medo de revelar sua ignorância e condescendência sobre o tema – temor improcedente pois seu apedeutismo e suas predileções ideológicas já são de amplo conhecimento público –  e não será questionado, por estar acariciado pelo benevolente jornalismo da grande imprensa nacional, travestida de assessoria de imprensa, que dá voz e espaço a “especialistas” em segurança pública que afirmam que se pode desarmar traficantes e latrocidas a pedradas, estilingadas e lançamentos de bodoque. Talvez beliscões, petelecos e piparotes também possam ser efetivos.

Em vez de aplaudir o governador Cláudio Castro de pé, declarar apoio total ao combate ao crime organizado e apresentar ações efetivas, o narcisista Lula, o ministro pavão e toda a esquerda preferiram criticar e chorar o destino encontrado pelos traficantes que se julgavam donos de um pedaço do território nacional. 

Pior: como hienas na selva política, agora parecem torcer, alguns em silêncio, para que o crime se vingue e amplie a onda de violência contra os moradores do Rio de Janeiro, apenas para dar vazão ao pedantismo típico da esquerda, que considera plausível apenas o que lhe sai do ventre, e alardear que “a política de segurança do Rio fracassou”. 

E, claro, para lhes ajudarem em tal missão, o Supremo Tribunal Federal despachou para o Rio o ministro Alexandre de Moraes, que não vai interrogar bandidos, mas exigir explicações dos policiais que arriscaram a vida e perderam amigos e colegas de trabalho durante a operação, ainda que lhe faltem a capacidade técnica e a competência legal para tratar de questões complexas e multifacetadas, como segurança pública.

Trata-se de ato de pura covardia institucional. Lastreado em sua aparentemente infinita capacidade de impor o medo, não o respeito, o STF se arvora de uma inexistente legitimidade democrática para questionar políticas públicas cujas escolhas deveriam recair exclusivamente sobre os governantes eleitos para isso. O que cabe ao Judiciário, quando provocado, não é julgar o mérito e a conveniência de ato específico, sobretudo de antemão, mas somente sua adequação ao que prescreve o devido processo legal.

O sucesso da operação no Rio atingiu a esquerda como um metal afiado e infectado rasgando impiedosamente a carne. Urraram como quem sente a mais dilacerante dor no abdômen, à semelhança da facada que quase tirou a vida do então candidato Jair Bolsonaro.

E acusaram a polícia, insultaram o secretário de segurança e pediram a cabeça do governador Castro, justamente o único que trocou discurso por ação e apontou o fuzil da lei contra quem sempre a ridicularizou.

Até o momento a única resposta que o líder supremo da esquerda ofereceu sobre o tema foi a vergonhosa declaração na Indonésia: “Os usuários são responsáveis pelos traficantes, que são vítimas dos usuários também.” 

Diante da repercussão negativa daquela demonstração de dissonância cognitiva, Lula tentou desdizer. Mas já estava exposta a verdadeira razão pela qual uma avaliação tão sinistra como essa ganhasse vida.

Apesar de repugnante, a frase, ao contrário do que Lula afirmou, não era nenhum equívoco e sim um diagnóstico da ideologia doentia nutrida por Lula.  Declarações como essa revelam o mapa de crenças que habita o inconsciente político de quem as profere, pois, na lógica da coerência cognitiva, ninguém articula o que não considera aceitável dizer. Assim como nenhum policial honesto é capaz de afirmar que o suborno é aceitável por considerar absolutamente absurda a ideia, Lula não teria sequer formulado este pensamento se não o considerasse mais do que plausível, adequado.

A fala de Lula foi, portanto, produto direto da ativação de redes neurais previamente estruturadas por experiências, crenças e valores que ele e a esquerda delirante alimentam e defendem. 

E a história nos explica as razões deste eterno romance entre essa militância e as facções criminosas. O crime organizado no Brasil nasce de uma relação perniciosa entre ladrões, assassinos e estupradores e presos políticos, mas não quaisquer presos, e sim presos políticos da esquerda encarcerados na Ilha Grande, no Rio de Janeiro. 

Foi da simbiose entre militantes políticos da esquerda e criminosos comuns durante a década de 1970 que nasceu a Falange Vermelha, posteriormente evoluída para Comando Vermelho. Da promiscuidade da convivência entre ideólogos da luta armada e assaltantes profissionais produziu-se o molde organizacional das facções: disciplina, hierarquia, caixa comum e discurso de resistência. A esquerda ensinou ao crime o valor da organização; o crime ensinou à política o poder da coerção.

Lula não admite que sua política de combate ao crime organizado foi, no passado recente, um dos principais vetores para a expansão do domínio das facções criminosas

Se lutassem pelo bem do país, como gostam de declarar, aqueles “prisioneiros políticos” não teriam se unido com bandidos. Mas, como queriam somente tomar o poder, para eles, qualquer um que pudesse ajudá-los na empreitada seria bem-vindo. Afinal de contas, aqueles representantes da esquerda já estavam acostumados a fazer o que terroristas do Hamas fazem atualmente: sequestro de inocentes para a a libertação de prisioneiros.

Em troca, o crime entregou à esquerda o passe livre para circular pelo território dominado pelo medo – algo que ocorre até os dias atuais, quando representantes da esquerda podem circular tranquilamente por ruas onde a polícia é recebida a tiros de fuzil.

É essa herança, acalentada durante décadas, que dá sentido à reação recente de Lula e da esquerda. Ao desdenhar da operação bem-sucedida no Rio de Janeiro como um “voo de galinha”, ao despachar ministros para confortar as famílias dos traficantes, desprezando, deliberadamente, a dor sentida pelos familiares dos policiais assassinados durante a operação, o líder da esquerda age como herdeiro de uma tradição política que sempre preferiu justificar o crime a combatê-lo. 

E, assim como não explica a proliferação do narcoterrorismo e o surgimento de fábricas de armas clandestinas no território brasileiro, Lula também não admite que sua política de combate ao crime organizado foi, no passado recente, um dos principais vetores para a expansão do domínio das facções criminosas. 

A “eficiente” política de segurança pública adotada no primeiro mandato de Lula, em vez de erradicar a criminalidade, fez o oposto e espalhou a tipologia criminal das facções para outros estados brasileiros. Enquanto o governo dizia desarticular esses grupos transferindo seus líderes para presídios federais e estaduais em outras regiões (Norte, Nordeste, Centro-Oeste), o Estado, inadvertidamente, “exportou” o modelo de organização.

Essas lideranças, ao chegarem em novos territórios prisionais, “batizavam” criminosos locais, implementando seus estatutos rígidos e sua estrutura de comando. A expansão estrutural foi cimentada financeiramente pela mudança estratégica de foco: o crime migrou do varejo de drogas e assaltos a bancos (da alçada dos governos estaduais) para o controle logístico das lucrativas rotas de tráfico internacional de cocaína, crimes que deveriam ser combatidos pelo governo federa, o que, como vemos, não foi feito de modo tão eficiente como Lula gosta de propagar.

Coincidentemente, é no governo de Luiz Inácio Lula da Silva que as facções voltam a crescer e interferir diretamente no destino do Estado brasileiro. E hoje, apesar de estarem presentes em quase todos os estados brasileiros, elas encontram resistência apenas nos estados governados pela direita.

É claro que não se pode afirmar que há articulação entre o governo federal e líderes das facções criminosas. Mas, ao sair do radar estadual e se esconder nas entranhas da responsabilidade federal, o crime organizado ganhou a musculatura financeira para hoje ocupar a Faria Lima e segmentos empresariais de grande porte das atividades mais lucrativas do país, massacrando os empresários que disputam o mesmo mercado. O faturamento do crime organizado no Brasil atingiu cerca de R$ 440 bilhões em 2024, segundo estimativas. Nenhum grupo privado nacional, nenhum, seja do setor financeiro ou do setor produtivo, atingiu receita líquida nesse montante.

Para Lula e para a esquerda, entretanto, o mais importante é construir uma narrativa capaz de reduzir o complexo problema a uma simples dicotomia: nós contra eles. Essa estratégia divisiva sempre foi o expediente predileto de Lula: encontrar um alvo para culpar e responsabilizar por aquilo que ele deveria ter feito.

Afinal de contas, a esquerda, que amamentou o crime organizado, tem uma habilidade que atualmente só engana os alienados e os intelectualmente desonestos: transferir a responsabilidade de seus erros e omissões para “as elites”, esse ente abstrato que serve de bode expiatório universal – um inimigo conveniente, sempre disponível para justificar o fracasso de suas próprias políticas e a decadência moral que ajudou a instaurar.

Talvez o que Lula tenha tentado e fracassado vergonhosamente na Indonésia foi dar início a uma narrativa esdrúxula de que a “elite consumidora” de drogas é a responsável pelo empoderamento das facções. A estratégia é velha: transferir a culpa, dividir o país, manter o conflito. Mas o resultado é novo e devastador: o bandido ganha voz; o cidadão perde a liberdade, a dignidade e a esperança.

O Brasil chegou a um ponto de inflexão. Ou enfrentamos o crime e os que o protegem, ou seremos engolidos por ele. Lula e a esquerda perderam qualquer pudor em defender o indefensável – relativizam o crime, atacam quem o combate e tentam transformar a desordem em método de governo.

Enquanto o trabalhador se esconde atrás das grades, o bandido ganha voz, status e território. Essa inversão moral é o retrato fiel de um projeto político que flerta com o caos para consolidar o poder. 

Chegou a hora de romper esse ciclo de condescendência e covardia. O Estado precisa voltar a ser temido pelos criminosos, não pelos cidadãos. O Brasil não pode mais ser governado por quem trata a impunidade como virtude e a lei como inconveniente.

Antes que a nação sucumba de vez à anarquia institucional, é preciso deter Lula e a esquerda em seus intentos liberticidas e destrutivos, restabelecer a autoridade da lei e devolver ao povo o direito elementar de viver em segurança.

Marcos Degaut é doutor em Segurança Internacional, ex-secretário especial adjunto de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e ex-secretário de Produtos de Defesa do Ministério da Defesa.

Jason Pascoal é escritor e jornalista.

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