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Irmã do novo presidente do Chile pode se tornar santa católica

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A eleição de José Antonio Kast Rist à Presidência do Chile revelou ao grande público um aspecto pouco conhecido da família do político conservador. Bárbara Kast Rist, uma de suas irmãs, foi declarada venerável pela Igreja Católica, um reconhecimento que a insere no processo formal que pode, no futuro, levar à beatificação e à canonização.  

O processo, que envolve um caminho longo e rigoroso dentro da estrutura da Igreja, ainda está na etapa inicial. Mas o caso ganhou visibilidade por envolver diretamente a família do novo chefe de Estado chileno. 

Católico praticante, casado e pai de nove filhos, Kast sempre atribuiu papel central à fé em sua vida pessoal e política. Integrante do Movimento Apostólico de Schoenstatt, ele costuma afirmar que suas convicções religiosas moldam sua visão de mundo e de serviço público. Ao longo da carreira, declarou repetidas vezes que a política, para ele, não é dissociável de princípios como a defesa da vida, da família e da dignidade humana.  

Conheça a história da sua irmã mais velha, com base em registros oficiais do movimento católico o qual ela fazia parte. 

A biografia da venerável 

Bárbara Kast Rist nasceu em 24 de julho de 1950, em Thalkirchdorf-Allgäu, um pequeno povoado no sul da Alemanha. Ela foi batizada no dia 6 de agosto do mesmo ano. Ainda bebê, com apenas oito meses de idade, deixou o país natal com os pais e Michael, o irmão mais velho, quando a família decidiu emigrar para o Chile em março de 1951, em um contexto de dificuldades provocadas pelas consequências da guerra. A adaptação foi marcada por intenso trabalho e limitações econômicas, em um ambiente no qual o esforço cotidiano moldou a sua infância. Ao longo dos anos, a família cresceu rapidamente, chegando a dez filhos. 

Os primeiros estudos de Bárbara ocorreram em casa, com um professor particular, ao lado de outras crianças da vizinhança. Aos sete anos, ingressou no internato das Ursulinas, em Maipú, onde permaneceu por sete anos. Esse período transcorreu de forma tranquila, com desenvolvimento considerado normal, bom relacionamento com colegas e desempenho escolar regular. Em 8 de dezembro de 1957, fez a Primeira Comunhão. “Foi o dia mais feliz da minha vida”, escreveu Bárbara no seu diário na ocasião, mencionando que no banco havia “meninas vestidas como anjos” e que sua felicidade residia em poder “receber Nosso Senhor”. No ano seguinte, aos oito anos, viajou com a mãe para a Alemanha, experiência que ficou marcada sobretudo pela lembrança da neve, que a impressionou profundamente. 

  • O novo presidente do Chile é conservador, não extremista

Maturidade e aprofundamento religioso

O fim de 1958 trouxe uma ruptura dolorosa para a família. No Natal daquele ano, morreu Mônica, a irmã caçula de Bárbara, de apenas dois anos, que se afogou em um canal em frente à casa da família. A perda deixou uma marca profunda na jovem, que passou a conviver com o medo constante da morte de pessoas próximas e da própria morte. Ainda assim, seus anos de juventude foram descritos como felizes e equilibrados. Bárbara gostava de esportes, como equitação, natação e exercícios acrobáticos, cultivava flores e mantinha uma relação próxima e afetuosa com os pais, com quem compartilhava longas conversas sempre que retornava do internato. 

Em 1966, pouco antes de completar 16 anos, Bárbara se mudou para o Colégio Mariano, das Irmãs de Maria de Schoenstatt, em Santiago, para viver com quatro de suas irmãs. A mudança foi difícil, sobretudo pelo afastamento das amizades e do ambiente ao qual estava habituada, mas acabou sendo decisiva para sua formação pessoal e espiritual. Foi nesse período que Bárbara conheceu mais profundamente o Movimento Apostólico de Schoenstatt, que passaria a ocupar um lugar central em sua vida. 

A venerável Bárbara Kast com seus pais, Michael Kast e Olga Rist. (Foto: Arquivo/Movimento de Schoenstatt)

“Preencher-se de Deus e dá-Lo aos demais” 

O primeiro ano no novo colégio foi particularmente exigente. Bárbara concentrou-se nos estudos e destacou-se academicamente, sendo eleita representante da turma, ainda que enfrentasse dificuldades de convivência com as colegas. No ano seguinte, sua postura mudou. O desempenho escolar deixou de ser prioridade absoluta, dando lugar a uma busca mais intensa por vínculos humanos profundos. Passou a ser reconhecida pela responsabilidade, pela disposição para servir e pela capacidade de ouvir e aconselhar, tornando-se confidente de muitas colegas. 

Essa maturidade acima da média estava ligada também às responsabilidades assumidas fora da escola. Durante os verões, Bárbara trabalhava ajudando o pai, e, no cotidiano, dividia com o irmão mais velho o cuidado pelos irmãos mais novos, já que os pais viviam em Linderos enquanto ela e as irmãs permaneciam em Santiago. Em setembro de 1967, após um período prolongado de reflexão e preparação, ingressou formalmente no Movimento de Schoenstatt. Em janeiro de 1968, participou de um acampamento em La Leonera, experiência descrita como decisiva para sua vivência espiritual. 

Ainda naquele ano, ela foi eleita dirigente de grupo e passou a se preparar intensamente para a Aliança de Amor, compromisso central da espiritualidade de Schoenstatt, que selou no Santuário de Bellavista na manhã de 8 de dezembro de 1968. Três semanas depois, em 29 de dezembro, às 7h40 da manhã, morreu em um acidente automobilístico, aos 18 anos. No mesmo dia, seu corpo foi levado ao Santuário de Bellavista, lugar ao qual ela se sentia profundamente vinculada e onde, segundo os relatos da comunidade, havia encontrado o sentido mais pleno de sua entrega espiritual. 

A vida de Bárbara Kast Rist foi curta e marcada por acontecimentos comuns à juventude, sem feitos extraordinários aos olhos do mundo. É justamente nisso que reside o valor atribuído à sua história por comunidades católicas. Sua trajetória é apresentada como o testemunho de uma jovem comum que viveu de forma intensa e coerente sua fé, sem abdicar de suas responsabilidades familiares, acadêmicas e humanas. Em escritos pessoais, Bárbara expressou com clareza essa compreensão de missão, afirmando desejar “preencher-se de Deus e dá-lo aos demais”, numa entrega que, segundo seus admiradores, sintetiza o sentido de sua vida. 

O que falta para Bárbara Kast ser considerada santa 

Dentro da Igreja Católica, o reconhecimento das virtudes heroicas é apenas uma das etapas do caminho rumo à santidade. Para que uma pessoa venerável seja beatificada, é necessário o reconhecimento oficial de um milagre atribuído à sua intercessão após a morte. Esse milagre passa por análises médicas e teológicas rigorosas antes de ser validado pela Santa Sé. Somente depois da beatificação, um segundo milagre pode abrir caminho para a canonização. 

No caso de Bárbara Kast Rist, não há, até agora, registros públicos de milagres reconhecidos oficialmente nem anúncios formais de avanço para a fase de beatificação. O processo, quando existente, segue o ritmo próprio da Igreja, independente de contextos políticos ou da projeção pública da família. 

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