Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos EUA, descobriram por que vacinas de mRNA contra a Covid-19 podem causar miocardite. O estudo identificou uma reação inflamatória exagerada do sistema imune que, em casos raros, lesiona o próprio músculo cardíaco.

O que exatamente a pesquisa de Stanford descobriu?

A pesquisa revelou que vacinas de mRNA podem provocar uma resposta imunológica muito forte. Em algumas pessoas, essa reação é tão agressiva que leva a um “fogo amigo”, no qual as células de defesa do corpo atacam o próprio tecido do coração, causando a inflamação conhecida como miocardite.

Como essa inflamação acontece no corpo?

Foram identificadas duas proteínas (CXCL10 e IFN-gama) que agem como um alarme para o sistema de defesa. Após a vacinação, se produzidas em excesso, elas podem causar danos. Um sinal desse problema é a presença da substância troponina cardíaca no sangue, que só deveria ser encontrada dentro do coração.

O risco de miocardite pela vacina é alto?

Não. O próprio pesquisador, Joseph Wu, reforça que a maioria dos casos é leve e se resolve rapidamente. Além disso, a ocorrência de miocardite é maior em pessoas que contraem a Covid-19 do que nas que se vacinam. As vacinas, segundo ele, foram essenciais para mitigar a pandemia.

Existe uma forma de prevenir esse efeito colateral?

O estudo aponta para uma solução promissora. Uma substância chamada genisteína, um derivado da soja, apresentou bons resultados. Em testes com ratos, altas doses de genisteína antes da vacinação impediram grande parte dos danos inflamatórios no coração, sugerindo uma possível estratégia de tratamento.

Por que a miocardite ganhou tanto destaque com a vacina da Covid?

O pesquisador sugere que houve um viés de percepção. Como as vacinas contra a Covid-19 receberam intensa atenção pública, qualquer dor no peito após a dose era rapidamente investigada. Em contraste, as pessoas tendem a ignorar dores musculares após outras vacinas, como a da gripe, mesmo que também sejam causadas por inflamação.

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