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Collor, Bolsonaro e o eterno retorno da política brasileira

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Antes que você diga que, ai, eu jamais assistiria a um documentário que tem depoimentos do Peninha, Xico Sá, Lindbergh Farias e até do Gilmar Mendes, e ainda por cima exibido pela Globo, me adianto: você tem todo o direito, mas estará perdendo. Porque “Caçador de Marajás” é bem costuradinho, completinho e honesto ao retratar o ex-presidente Fernando Collor de Mello e seu mandato curto, mas nada entediante.

Mais do que isso, o documentário é esclarecedor ao mostrar como a história de Collor se repetiu e ainda se repete. Mas antes de falar sobre isso, preciso pedir um aparte a mim mesmo para explicar a diferença entre analogia e equivalência. É que, quando dizemos que Fulano é igual ou parecido com Sicrano, estamos ressaltando as semelhanças, sem ignorar as diferenças. O igual, portanto, é figurativo. Um “modo de dizer”. Já na equivalência o “igual” é literal. Mas só os tolos procuram equivalência entre indivíduos. Ainda mais na política.

Parecências

Explico isso porque o que vou dizer em seguida pode matar do coração um ou outro leitor pouco afeito às sutilezas da língua & suas maravilhosas figuras de linguagem. Dois pontos: é incrível como Bolsonaro é parecido com Collor. Antes da eleição, como fenômeno político; e, durante o mandato, no ímpeto, no jeito de enfrentar o tal do Sistema, na relação conturbada de ambos com a imprensa e (algo que me chamou a atenção) na proximidade entre a família e o poder. Impressionante mesmo.

Essas semelhanças no jeito de ser e de agir dos ex-presidentes ressaltam ainda mais a diferença de tratamento que Collor e Bolsonaro receberam depois do mandato. Um ganhou a pecha de corrupto, sofreu impeachment e passou um tempinho em desgraça. Mas logo depois se elegeu senador e tal. O outro completou o mandato, mas não conseguiu se reeleger. E, apesar de não ter sido corrupto, caiu e está em desgraça. Por coincidência e decisão do STF, ambos estão em prisão domiciliar.

Arretada

Outra coisa interessante do documentário é perceber que o Brasil de hoje não é tão diferente assim daquele Brasil de 35 anos atrás. Coisas que nos escandalizam, como o envolvimento dos artistas na política, as chantagens do Centrão e a radicalização de Lula, continuam a mesmíssima coisa. Assim como a esperança que o povo deposita no Estado e em seus representantes. O problema é que tendemos a achar que tudo aquilo que mudou, mudou para pior. E às vezes mudou mesmo. O nível intelectual do povo, dos jornalistas e dos políticos, por exemplo. Só pelo vocabulário e pelas referências culturais dá para perceber a decadência em que vivemos.

Para finalizar, outras constatações a que cheguei ao fim de “Caçador de Marajás”: Lula é igual a Sarney. E aqui estou fazendo uma equivalência, não uma analogia. Mais: a imprensa morre de saudade de quando era o Quarto Poder e ainda não se acostumou à irrelevância. Outra: em comparação com a Janja, Rosane Collor transborda elegância. Para você ter uma ideia…! A penúltima: havia uma esquerda que, a despeito das diferenças, queria o melhor para o país. Ou pelo menos parecia que queria. E uma última: como era bonita (e arretada!) a Thereza Collor.

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