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“Ecoansiedade” está afetando a saúde mental das pessoas

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A literatura médica clássica reconhece, há tempos, os sintomas da ansiedade como um misto de preocupação constante, sensação de impotência, culpa e medo. Os gatilhos que levam a esses sentimentos são muitos, e mais recentemente passaram a incluir um novo componente: as mudanças climáticas, naquilo que vem sendo definido como “ecoansiedade”. 

Essa condição vem recebendo cada vez mais atenção, tanto de órgãos como o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) quanto de universidades como Harvard e Yale. Como consequência, algumas pesquisas acadêmicas vêm oferecendo soluções peculiares para o enfrentamento das crises climáticas.

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Entre esses trabalhos, um em especial chama a atenção pelas ideias propostas, como o uso de remédios para desestimular o consumo de carne ou a engenharia genética para reduzir o consumo de recursos naturais. Para um dos autores, uma outra possibilidade “infelizmente ainda não alcançada pela ciência”, nas palavras dele, seria a criação de humanos com “olhos de gato” para reduzir a demanda por energia elétrica. 

De outro lado, pessoas que já estiveram do lado do alarmismo ambiental estão trabalhando para tentar reduzir os efeitos dessa ecoansiedade. É o caso de Lucy Biggers, ex-influencer climática – daquelas que tiravam foto sorridente ao lado da ativista Greta Thunberg – que usa dados oficiais para mostrar que se a realidade ambiental não está perfeita, também está longe de ser uma catástrofe irreversível como propagado por seus antigos pares.

Ecoansiedade aparece com dados alarmantes em pesquisas sobre saúde mental 

Enfrentar problemas como insônia, palpitações, tensão muscular, fadiga e angústia no peito ao ver notícias ruins sobre o meio ambiente parece ser a nova realidade de quase metade dos brasileiros. Pelo menos é o que mostra a pesquisa Panorama da Saúde Mental, elaborada pela AtlasIntel em parceria com o Instituto Cactus.

A edição mais recente do levantamento traz, pela primeira vez, números sobre os impactos da ecoansiedade sobre os brasileiros. Em números gerais, 58% dos mais de 10 mil entrevistados disseram se sentir nervoso, ansioso ou inquieto sobre as mudanças climáticas. 

Para 44% deles – um número menor, mas ainda significativo de pessoas –, é praticamente impossível parar de pensar nas perdas ambientais provocadas por eventos passados ou em potenciais novos desastres futuros. 

A ecoansiedade está longe de ser um fenômeno endêmico brasileiro. Uma pesquisa científica publicada pela revista Lancet mostra que jovens da Austrália, Finlândia, França, Índia, Nigéria, Filipinas, Portugal, Reino Unido e Estados Unidos, além do Brasil, também relataram sofrimento físico e mental relacionado ao meio ambiente.

Mais da metade disse sentir tristeza, ansiedade, raiva, impotência, desamparo e culpa frente às mudanças climáticas. Os sentimentos relatados são tão negativos que 75% disseram que acham o futuro assustador, enquanto 83% disseram que as pessoas falharam em cuidar do planeta. 

Professor propõe mudanças biomédicas em humanos para lidar com o clima 

E o que fazer quando parece não haver mais nada a ser feito? Para alguns, pode ser o momento de lançar algumas ideias no mínimo controversas. É o caso do professor de Filosofia e Bioética na Universidade de Nova York S. Matthew Liao, que propôs em um artigo a adoção de uma série de “modificações biomédicas” nos humanos para mitigar ou ao menos se adaptar às mudanças climáticas.

Em seu trabalho, Liao propôs o uso de medicamentos para induzir mal-estar associado ao consumo de carne. Se uma pessoa com a intenção de parar de comer carne vermelha não alcançar esse objetivo sozinha, ela poderia tomar um remédio que induz a ânsia de vômito após o consumo. 

“A intolerância à carne vermelha pode ser induzida estimulando o sistema imunológico contra as proteínas desse alimento. Assim, haveria o reforço de que o consumo de comida não ecológica leva a experiências desagradáveis. Comer algo que nos dá náuseas poderia ajudar numa aversão à carne no longo prazo”, disse o professor, no artigo. 

Outra abordagem seria o uso de engenharia genética para tornar os seres humanos menores. Com menor massa corporal, avalia o professor, seriam necessários menos recursos naturais para manter essa pessoa no meio ambiente. Com uma redução de 15 cm no tamanho médio da população, avaliou Liao, os homens teriam uma redução de massa em torno de 23%, e 25% nas mulheres. 

“Quanto maiores são as pessoas, mais comida elas comem e mais energia elas gastam. Um carro usa mais gasolina para transportar uma pessoa maior. Uma pessoa menor usar roupas feitas com menos tecido, assim como os calçados e a mobília de uma pessoa mais pesada se desgastam mais rápido do que no caso de uma pessoa mais leve, e assim por diante”, completou. 

Pessoas com “olhos de gato” gastariam menos energia, propõe professor 

Mas o ponto mais pitoresco dentre as ideias de Liao para adaptar os humanos às mudanças climáticas não aparece no artigo. Em uma entrevista à revista The Atlantic, ele revela que uma possível medida para reduzir a demanda populacional por energia – e assim ajudar o meio ambiente – seria tornar os olhos humanos mais parecidos com os dos gatos.

Segundo o professor, os gatos enxergam quase tão bem quanto os humanos durante o dia. Mas é à noite que a diferença a favor dos felinos é maior. Com olhos mais adaptados a ambientes com pouca luz, os gatos conseguem enxergar com clareza mesmo em condições de escuridão quase completa. 

“Nós percebemos que se todos tivéssemos olhos como os dos gatos não precisaríamos de tanta luz, principalmente à noite. Isso poderia levar a uma redução no uso global de energia em quantidades chocantes. Infelizmente a ciência não conseguiu chegar a esse ponto, mas nós temos que seguir estudando como ativar esses genes em humanos”, descreveu. 

Dados do mundo real podem reduzir a ecoansiedade, avalia ex-ativista ambiental 

Em uma perspectiva mais real, outra possibilidade é reduzir a sensação de ecoansiedade com o uso de dados concretos. É o que vem fazendo a ex-ativista ambiental Lucy Biggers. Ela compilou uma série de dados de diversas fontes para mostrar que, entre outras coisas, os furacões não estão ficando piores e as recentes ondas de calor estão longe de serem as piores da história.

Lucy lembra que não é de hoje que os cenários climáticos mais assustadores não vêm se confirmando na vida real. Ela ainda reforça que não é uma negacionista das mudanças ambientais, mas percebeu que o alarmismo que antes ajudava a propagar pode não estar associado à realidade. 

“Por anos eu tentava convencer os outros que o mundo seria inabitável dali a algumas décadas. Porém, graças à tecnologia e aos avanços da sociedade, nós estamos cada vez mais preparados para os riscos climáticos. Se antes eu tivesse tido acesso a esses dados, isso teria reduzido a minha ecoansiedade, ou ao menos me faria pensar de modo mais crítico”, avaliou. 

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