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Uma invasão dos EUA à Venezuela seria imprudente

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Há tambores de guerra soando em relação aos Estados Unidos e à interdição, pela administração Trump, do narcotráfico e das remessas marítimas para os EUA, as quais estamos destruindo.

Recentemente, os EUA interceptaram em alto mar um grande navio-tanque que transportava petróleo ilícito do Irã, exportando-o para países sob embargo.

O panorama geral é que o governo Maduro, o governo comunista na Venezuela, está com os dias contados. A mídia diz, em outras palavras, que o presidente Donald Trump está tentando pressionar o presidente venezuelano Nicolás Maduro para se livrar dele, pois ele cancelou a última eleição de forma fraudulenta e Edmundo González Urrutia, que havia sido eleito, teve sua vitória injustamente negada.

Além disso, tivemos cerca de 7 ou 8 milhões de venezuelanos deixando o país. E ele [Maduro] não apenas envia drogas para os Estados Unidos, como organiza os cartéis e os auxilia em outros países latino-americanos vizinhos. Ele esvaziou suas prisões e cadeias dizendo, basicamente: ‘Vão para os Estados Unidos e causem o maior caos possível’. Portanto, temos motivos para querer tirá-lo do poder.

Devemos invadir? Essa é outra questão. Vamos voltar um segundo à invasão de Granada em 1983. Foi algo um pouco semelhante. O presidente Ronald Reagan estava no cargo havia apenas dois anos quando chegou ao seu conhecimento que uma faculdade de medicina lá poderia — ou não — ter sido tomada por comunistas. Os americanos foram impedidos de sair livremente.

Mas a questão principal era que o governo comunista cubano de Castro e os cubanos tinham uma reputação formidável porque, como mercenários expatriados, estavam lutando como uma força expedicionária remunerada em Angola.

Havia essa ideia de que eles eram bem durões e que tinham tomado a ilha de Granada, e que isso seria uma progressão, um efeito dominó, pelo qual veríamos outras nações caribenhas abaladas por Cuba. E Reagan queria enviar uma mensagem: “Nunca pensem que vocês vão tomar o Caribe”. Então, invadimos.

A invasão não correu muito bem. Havia gente usando telefone público para ligar para o Pentágono para coordenar a ação. Isso nos chocou tanto que levou às reformas militares de Reagan e ao fortalecimento das forças armadas, o que corrigiu os problemas.

Mas meu ponto é este: Granada era uma ilha minúscula. E não havia vizinhos fazendo fronteira. Era facilmente suprida por mar. Não havia fronteiras terrestres pelas quais as pessoas pudessem fugir de um lado para o outro.

Outra invasão americana na América Latina — estas são aplicações do tipo da Doutrina Monroe — foi a invasão do Panamá por George H.W. Bush em 1989. Este caso foi muito mais semelhante ao da Venezuela. O Panamá era importante dos EUA porque, claro, o governo havia recebido de nós o Canal do Panamá; as eleições haviam sido suspensas, e o presidente e o primeiro-ministro eleitos haviam sido removidos pelo general Manuel Noriega, que havia criado um narcoestado policial. De fato, ele acabaria sendo indiciado nos Estados Unidos.

Ele estava fazendo exatamente o que Maduro faz: cancelar as eleições, rejeitar os oficiais legitimamente eleitos, manter sua posição de poder através do dinheiro das drogas e do pagamento de subornos aos militares e à oligarquia (com a venda de drogas para os EUA), e então trazer interesses estrangeiros — como os russos, neste caso; ou os cubanos, no caso de Granada; ou, no caso da Venezuela, talvez os iranianos, russos e chineses — para atiçar o fogo contra os Estados Unidos.

Ambas as invasões foram bem-sucedidas. A do Panamá durou cerca de 30 dias. Perdemos 23 soldados. A Esquerda ficou muito irritada com isso aqui nos Estados Unidos. Ouvíamos uma espécie de mantra de ‘Ianques, voltem para casa’.

Mas serão esses bons exemplos para prever o que aconteceria se déssemos esse passo final na Venezuela? Eu não creio.

A Venezuela é o quinto maior país da América do Sul em tamanho e o quinto em população. Não é um Panamá, não é uma Granada. Tem 30 milhões de pessoas. Tem um exército grande. Provavelmente é corrupto e eles [os militares] provavelmente gostariam de ver Maduro sair, mas, ainda assim, se usássemos tropas terrestres, seria algo problemático.

E entendo, mais importante, que não é como Panamá e Granada em termos de riqueza. A Venezuela, acredite ou não, tem as maiores reservas de petróleo do mundo, 300 bilhões de barris, e grandes quantidades de gás natural. Provavelmente a maior, ou uma das cinco maiores reservas de gás natural.

Em outras palavras, é algo em que o mundo está de olho. E para os Estados Unidos entrarem lá e fazerem uma remoção por terra, acho que seria imprudente neste momento.

Então, qual seria a alternativa? É mais ou menos o que os Estados Unidos estão fazendo agora. Estamos isolando todos os envios de drogas e o transporte ilegal de petróleo embargado saindo da Venezuela. É uma espécie de quase-bloqueio/embargo. E eles vão apertar o cerco.

O que difere nessa estratégia em relação a Granada e Panamá é que há uma oposição viável na Venezuela que, creio eu, a maioria das pessoas diria que representa a maioria do povo. E esses são candidatos que foram barrados pelo governo Maduro. Se aumentarmos a pressão, cortarmos o suprimento de exportações de petróleo ilícito e drogas, e apenas mantivermos o clima tenso para ele, acho que podemos resolver o problema sem uma invasão.

Por fim, uma invasão terrestre da Venezuela seria vista como um engajamento militar opcional, o que é contrário à base de Trump. Então, haveria ramificações políticas, não apenas vindas da esquerda pavloviana — que é contra qualquer coisa que Trump apoie — mas também da própria base conservadora.

Victor Davis Hanson, um colaborador sênior do Daily Signal, é um classicista e historiador na Hoover Institution, da Universidade de Stanford.

Esta é uma transcrição, levemente editada, de um vídeo feito por Victor Davis Hanson.

©2025 The Daily Signal. Publicado com permissão. Original em inglês: War With Venezuela Could Break Trump’s MAGA Base

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